quarta-feira, 22 de setembro de 2010

É vida que segue

Celso Atayde

Hoje eu estava trabalhando quando a coordenadora da Cufa da favela do Sapo me ligou chorando, dizendo que um oficial de justiça havia telefonado dizendo que irá, hoje, oficialmente, pedir à reintegração de posse do prédio há anos abandonado, onde estamos desenvolvendo nossas ação com os jovens da favela.

Pedi para que ela não chorasse , disse que devemos perder e ganhar com a mesma dignidade . Mas não foi o bastante , ela não parou de chorar e argumentava que o problema não era o prédio, mas as crianças . Ela dizia que não era justo, que eles abandonaram o espaço há anos e que só esperaram a nossa obra para pedir o imóvel de volta. Aos prantos, dizia que eles não pediram antes porque o crime ocupava ... enfim .. ela chorava e dizia que não sabia o que faria com as crianças dos projetos. Tentei acalmá-la dizendo que nem sabemos quem é o dono do espaço, que ele nunca apareceu, que talvez seja um blefe ... mas não era o bastante .

Nesse momento, dois filmes passavam em minha cabeça O primeiro filme foi nossa busca na favela para criar alguma iniciativa social para os jovens , pois eu conhecia muito bem essa favela e sabia do que ela se simbolicamente representa para a marginalidade. Sabia também,e claro , o quanto esses jovens precisavam de atenção, não somente eles, mas seus familiares. Quando encontramos o supermercado , o velho Mar e Terra abandonado há anos , vi sua parte superior ocupada por várias famílias da favela e a parte inferior ocupada pela criminalidade . Não vou falar do mal cheiro , dos ratos , do lixo e de todo o mal que um mercado abandonado pode trazer à comunidade. Bem, resolvemos fazer uma intervenção na favela, via esse espaço, claro, correndo todos os riscos de fazer um investimento e, depois, alguém vir pedir o espaço de volta. Mas esse risco não poderia ser maior do que o desejo de ver o sorriso no rosto te tanta gente , como as fotos mostram. A lei se cumpre e nós não iremos ignorá-las. O certo é o certo e, naquele momento, a decisão correta era criar alternativas para a vidas dos jovens que atendemos , assim como entendo que o certo agora é discutir o direito e outras alternativas. Jamais abandonar aqueles que precisam desse alento.

O segundo filme foi do meu tempo de garoto , nessa mesma favela , mas essa história eu não vou contar , pois já havia contato uma parte dela em 2006 no livro "Falcão, meninos do trafico", uma história chamada: "O Berço do Crime":


Minha família chegou na Favela do Sapo, vinda de um con-junto residencial chamado Cesarão, Zona Oeste do Rio. Eu e meu irmão éramos garotos, minha mãe trabalhava como vigilante noturna. Foi uma época de muita luta. Nada diferente de hoje, mas, hoje, temos mais esperança no futuro, apesar da ausência física do meu mano. Naquele tempo, meu trabalho consistia em vender canudinho de coco ou leite condensado, cocada e sonhos. Minha mãe zelava muito pela nossa aparência, nos obrigava a trabalhar de roupas brancas, chapéu branco, e dizia para nunca falar com o tabuleiro aberto, para não voar saliva nas guloseimas. Aquilo tudo era meio mandrake, porque, a minha velha na hora de preparar os doces, nunca aparentava ter a tal dedicação pela saúde dos nossos clientes. Tão nossos, que ela nem os conhecia. Muitos com­pravam só para nos ajudar. Seu Rogério e seu Tiguel eram nossos melhores clientes. Seu Rogério sofria de diabetes, mas, mesmo assim, além de comer, distribuía os doces para outras pessoas. Como no dia em que cheguei no campo de pelada da favela vizinha do Rebu: ele estava lá, assistindo ao jogo e, quando me viu, me pediu para sentar ao lado dele. A todos os amigos que chegavam, ele ofertava o meu produto. Eram, de longe, as melhores vendas, as mais volumosas. Sua morte causou uma grande comoção na favela.
Seu Rogério se foi, por causa do diabetes, no presídio de Bangu I. Ele era a liderança da favela, seu apelido era Bagulhão, e o sobrenome era Lemgruber, o famoso RL. Hoje conheço muitos jovens que enchem a boca com a expressão: “CV RL, tá ligado!!” São jovens que ajudam a mitificar um personagem, que eles não têm noção de quem foi porque não existem registros a respeito e também não existe nenhuma informação que não seja a sigla. Conheci jovens que quando eu perguntei o que significavam essas duas letras — RL — me disseram que não sabiam. Apesar de repeti-las com veneração religiosa, sem saber o que significam. Nunca souberam dos defeitos do seu Rogério ou de suas virtudes. Mas isso não importa. Os mitos servem como referência para o bem ou para o mal. Nesse caso, a referência do crime.
Seu Rogério foi fundador da Falange Vermelha e, quando estava de boa maré, reunia a molecada mais próxima para contar histórias. Nossas mães não podiam saber desse contato, porque ele era a representação viva da palavra crime. Ele era o crime. Mas essa palavra nada tinha a ver com matanças, maldades ou covardia. Crime, para ele, era cometer assaltos e praticar o tráfico para sustentar a base da organização e das suas famílias. Mas sem deixar de respeitar o cidadão comum.
Ele não admitia, por exemplo, assaltos a automóveis com mulheres ou crianças — mulher grávida, então, nem pensar. Mas o crime não era só isso. Tinha a questão social, que precisava ser desenvolvida. Ele dizia que isto não era para escravizar os mo­radores, que era uma obrigação. Seu Rogério era um tipo que podemos chamar de mulato. Era alto e às vezes usava bigode. Quando passava, o silêncio tomava conta do ar. Para muitos, era quase um santo; para outros, era mais do que um demônio. Para mim, ele não era nem santo nem demônio. Era somente o homem que ajudava a pagar minhas contas. A verdade é que as nossas necessidades estão intimamente ligadas à nossa moral, e acabamos sempre interpretando os fatos ou decidindo as coisas a partir das nossas conveniências. Seu Rogério, uma vez, chegou com um long-play do Caetano Veloso e disse que todos nós tínhamos que ouvir. Acho que foi o meu primeiro contato com Caetano. Ele tinha os cabelos grandes e cara de maconheiro. Seu Rogério falava do Chico Buarque e do Geraldo Vandré. Ele dizia: “Não quero bandido burro aqui, não... Não quero favelado burro aqui, não... Nós que somos pretos, não temos nada, só as bocas de fumo, então temos que ser inteligentes.”
Se ele estivesse vivo, estaria vendo sua profecia ir pro brejo. Hoje, os playboys estão entrando e tomando conta do crime. Em pouco tempo, eles serão os donos dos morros e, aí, até a tese de que o crime é uma das poucas formas de mobilidade social possível para os pretos também vai cair por terra.
Nunca considerei o Sapo uma favela, mas um conjunto residencial. A questão é que a expressão favela passou a ser uma denominação para os locais onde existe tráfico, e não uma comunidade de construções precárias. Apesar de ter me criado lá, de ter sido da primeira geração da favela, eu não sei nada sobre sua história. Mas, agora, me animei a pesquisar sobre essa comunidade que me criou, a comunidade que é chamada e considerada o berço do crime, o nascedouro do Comando Vermelho.
Lembro que havia gente de vários lugares. Agora, me ocorre que um amigo nosso chamado Borel — um gordinho loirinho que não era da nossa quadrilha, mas adorava arrumar briga — devia ter esse apelido por ser oriundo do morro do Borel. A minha pesquisa, com a ajuda do Bagdá, vai esclarecer isso — espero que ele esteja vivo.
Eu fazia parte de uma quadrilha de garotos que tinha, entre os maiores crimes que cometia, brigar contra os meninos mais bem-sucedidos da rua de trás da favela ou quebrar as vidraças de lojas. No máximo, ameaçar de longe os seguranças do supermercado Mar e Terra, que tentavam prender as nossas amigas do pisa. O pisa era um tipo de roubo cometido por mulheres. Elas roubavam coisas no supermercado e traziam entre as pernas. Incrível, o volume de coisas roubadas que elas colocavam nas coxas! Era tão grande que se algum dia alguém me contasse que uma delas havia roubado uma geladeira, eu era capaz de acreditar. Bagdá, apesar de ser do bem, era o chefe da nossa quadrilha, que contava com um verdadeiro exército de arruaceiros. Entre eles, meu irmão César, Mineiro, Gabu, Zé Penetra, Purtuga, Marinho, Sinval, Gabu, Nélio, Marron, Mimi, Jorge Negão, Paulão, Geni, Calango e Jairo, só pra citar ­alguns.
Muitas das nossas travessuras eram por conta da nossa amizade com o seu Rogério. Alguns integrantes da nossa quadrilha trabalhavam pra ele, fazendo serviços pessoais — como comprar pão, leite, cigarro — ou qualquer outra atividade sem risco aparente. Isso nos tornava amigos do rei. A maioria das pessoas quer ter esse privilégio. No nosso caso, ser amigo do rei era ser amigo do dono do morro.
Todos nós fazíamos parte de um bloco de carnaval chamado Dragão de Camará. Foi um período em que cada bloco na região saía com, no mínimo, 10 mil componentes. As pessoas de outros estados brasileiros podiam achar que o nosso carnaval só movimentava o Centro da cidade. Mas o carnaval do Rio de Janeiro movimentava todos os bairros. Era possível encontrar, num mesmo bairro, vários coretos de carnaval. Hoje, não, a violência não permite essa felicidade... Se bem que, mesmo no tempo da minha vó, a facada já comia nos blocos. Minha memória já registrou brigas sangrentas entre os componentes do Cacique de Ramos e do Bafo da Onça — tradicionais blocos carnavalescos que desfilam no centro da cidade. E não era um caso isolado. Essas batalhas faziam parte de uma cultura dos blocos de carnaval. Era o caso dos grupos de Bangu, como Grilo, Passa a Régua e Farofa, compostos por mais de 15 mil pessoas. Quando a porrada comia — e sempre comia — não tinha polícia que ­resolvesse.
Os ensaios do nosso bloco, o Dragão de Camará, aconte­ciam na rua. Seu Rogério era o nosso líder, nosso presidente de honra. Dizem que nas escolhas do samba-enredo do bloco, bastava ele simpatizar para o samba levar o caneco. Mas pode ser uma de tantas outras lendas que ele deixou na favela.
O dia mais esperado por mim era sexta-feira — quando os chefes de todas as bocas vinham reverenciar o grande mestre, e eles jogavam cartas durante a noite. Nosso serviço era basicamente “tirar o pau”, que significava pegar a comissão da casa a cada rodada. Com essa comissão é que preparávamos os lanches, pagávamos os policiais, comprávamos maços de cigarros. As sobras eram partilhadas entre nós. É que Seu Rogério não queria ficar com o dinheiro, que deveria ser dele, já que era o anfitrião, o dono da casa. Só que ele era o Presidente Estadual do Crime, não ficaria bem pegar aquela merreca. Todos disputavam sua companhia. Perder para ele era motivo de orgulho. Afinal, ninguém estava ali para jogar, todos estavam ali para compartilhar a liberdade daquele homem que passou mais tempo de vida na cadeia do que fora dela. Sempre que alguém perguntava pelo seu Rogério, a resposta era rápida: “Tá na Ilha Grande.”
Sei que é absurdo dizer isso, mas o crime naquela época era romântico. Tanto o RL como seu irmão Tiguel recebiam queixas diárias dos moradores. Apesar de não eleitos, eram os representantes legais da comunidade. Seu Rogério era o prefeito, resolvia quase todos os problemas. É claro que isso o fortalecia na comunidade, tornando-a cada vez mais refém dessa lógica. Mesmo naquela época, a favela não concordava com o crime, mas se beneficiava dele, de alguma forma. Hoje, a chapa está muito mais quente e proteger o crime nem é uma opção, é uma necessidade de sobrevivência.
Houve um tempo em que os inimigos invadiam as favelas só com os comparsas. Atualmente, além de invadir e matar os rivais, trazem de suas favelas de origem centenas de famílias, expulsando as famílias locais — a idéia é se cercar de gente conhecida para ter o mesmo padrão de segurança que tinham antes. Isso faz com que o ódio entre os criminosos seja estendido aos moradores comuns. Vendo por esse lado, pior do que conviver com o crime é ter que se submeter a uma ocupação e a uma mudança de facção. Daí, os moradores acabam vestindo a camisa da facção que administra sua comunidade e se tornando parte dela.
Mas as coisas não podem continuar assim, o crime tem que fazer jus a seu nome, já que parece não ter fim. E essa falta de crença, no fim passa por um grande processo político, que deveria, entre outras coisas, proibir que os policiais recebam propinas, se tornem sócios em muitas ocasiões. Proibindo que os policiais vendam inimigos vivos de uma facção para outra quando são capturados. E mesmo impedir que a polícia entre nos morros e favelas junto com bandidos para expulsar a quadrilha local quando esses não querem mais arregar ou quando estão com dificuldade financeiras. Parece filme, mas não é. O fato é que não dá mais pra ficar desse jeito.
Hoje a cada invasão, a cada ataque dezenas de moradores morrem e não podem reclamar, não têm a quem recorrer, não há testemunhas. São milhares de fuzis na pista, em mãos inimigas. Sim, já que quem porta fuzil atira para todo lado e a única coisa que vale é a sua própria vida, apesar dos discursos humanos de todos os lados, dos bandidos residentes, dos bandidos invasores e dos bandidos fardados que deveriam ser protetores. Mas vou aqui fazer uma média, nem todos, só uns poucos maus exemplos da corporação. Só que, convenhamos, essas exceções se tornaram maioria, chega de demagogia né não?
O fato é que acabou o romance, do jeito que tá, em pouco tempo vai morrer todo mundo, não vai sobrar ninguém. Os mauri­cinhos já não vêm mais aqui, eles abriram seus deliverys autorizados, eles já não sobem mais os morros em busca de drogas, só de diversões exóticas.
As favelas são auto-sustentáveis, pelo menos do ponto de vista do consumo de drogas. Temos que voltar a ter alguma ideo­logia. Eu sempre tive a minha, seu Rogério foi quem me deu. A mim e aos outros moleques, ele dizia que era comunista convicto, que na prisão ele tinha conhecido umas pessoas que tinham feito até curso de guerrilha em Cuba. Aquela conversa me fascinava por ser um mundo distante do meu e por ser contada por ele.
Parecia que ser comunista dava mais ibope do que ser bandido. E como tudo que eu queria era reconhecimento, ibope, fama e dinheiro, era a minha chance de embarcar em mais uma viagem! Me filiei ao comunismo, ao menos na minha cabeça. Pintei uma bandeira com o martelo e a foice no meu quarto e pronto, minha mãe nunca reclamou, ela nunca soube sobre o MR8, Var Palmares, ALN, Carlos Lamarca... Nem eu sabia, só entendi depois de grande. Mesmo assim eu era um ­revolucionário, embora não soubesse de fato o que isso significava, e para ser franco, ainda não sei. Era mais ou menos ser católico apostólico romano não praticante. Enfim, era a tentativa do crime se politizar, eu não era da política e não era do crime, era só um moleque que transitava nos vários segmentos da favela.
Seu Rogério arrumou um monte de livros, que ele dizia que eram de subversivos. Pô, essa expressão era foda, eu até me arrepiava só em ouvir!!
Li muito pouco, do que li, pouco entendi, mas descobri que a origem das posições esquerda e direita vinham da França. Depois da Revolução Francesa, os deputados conservadores sentavam-se à direita do orador, enquanto os mais radicalmente liberais ficavam à esquerda. Mais tarde, passou-se a usar, em todo o mundo, os termos esquerda e direita para designar as duas posições políticas opostas, o liberalismo e o conservadorismo. Depois, a esquerda passou ainda a ser relacionada com as noções de socialismo e comunismo. Na verdade eu tô falando o que li, só tô reproduzindo feito papagaio, Entenda-se também que o que se chamava de liberalismo, então, não significava o que o termo significa hoje.
Eu duvido que o seu Rogério entendesse essas coisas, apesar de que lá no Sapo tinha uns caras de óculos que eram inteligentes pra porra e tinha uns coroas lá que eram meio gênios. Muito embora do Sapo não tenha saído muita gente famosa, só me lembro do nosso vizinho “Rei Arthur”, o ex-jogador Arthur­zinho, que morava no bloco 27, hoje ele é treinador do Vitória da Bahia, mas fez muito sucesso jogando futebol pelo Bangu, Fluminense, Vasco e Corinthians.
Eu não tinha coragem de perguntar para ninguém o que era ser de esquerda porque era muito óbvio. As poucas vezes que me arrisquei perguntar, quase passei a ser de direita de tão confusas que eram as respostas. É, mas não devia ser fácil entender os destros. Hoje muita gente diz que ser de direita é ser contra o modelo atual, mas eu fico confuso do mesmo modo porque o Luiz Eduardo Soares que é candidato a deputado federal pelo PPS, o Roberto Freire, o Chico Alencar e até o próprio Fernando Henrique são contra o modelo atual e não são de direita. Acredito que o Seu Rogério deveria deixar o comunismo e ir para o Hamas, já que era para ser tão complicado.
O fato é que continuo sendo comunista de terceira categoria, pois nem da escola eu consegui ser expulso, sempre que eu tentava uma revolução no colégio a professora Mariad ria de mim e mandava eu sentar e calar a boca. Apesar de tudo isso eu era fã do seu Rogério, do João Saldanha e do comunismo. Do crime não, desse eu só era próximo, mero vizinho. Claro que dá pra perceber que não sou nenhum cientista político, nem criminal, sou apenas um ignorante desinibido tentando lembrar do tempo em que o crime tentou ser politizado, antes de ser invadido pelo consumismo.
Hoje, na minha visão, tanto o crime quanto a política, só representam grupos e interesses que disputam o poder para benefício próprio. Eles sequer tentam fingir representar algum po­sicionamento que contraste com os demais.
O que eu sinto é que nós estamos perdendo um puta tempo, você aí lendo essas linhas, ora duvidando se foi eu mesmo quem as escrevi, ou admirando a minha maneira única de falar sobre esse assunto e me achando o máximo, ou então, lendo tudo isso porque a professora da sua faculdade te obrigou e está achando tudo uma merda só. Não importa em que grupo você se enquadre, o que importa é que a vaca está dentro do brejo com rabo e tudo, e nós estamos juntos, com todo mundo, e se tiver isso claro na mente, já pode ser considerado um privilegiado. O barco tá sem governo, o estado, o crime, a polícia, estão todos à culhão, vivendo o momento, o conceito de sociedade virou romantismo, a profecia está se cumprindo.
Mas no fundo somos um bando de teimosos que tentam encontrar uma saída coletiva, mas só encontramos discurso, nada mais! A grande tristeza é ver que o crime, os partidos e a própria sociedade agem da mesma maneira.
Ninguém quer criar um partido de pobres e ser parte integrante dele.
Ninguém quer criar seus filhos para não serem os ­melhores.
Ninguém quer criar facção criminosa para ser um soldado dela.
Como os países estão perdendo o sentido aos poucos, a globalização é um fenômeno que reflete a nova ordem: a grana. Sendo assim, só existe um tipo de partido, o dos ricos. Só existe um tipo de crime, o dos ricos. Só existe um tipo de sociedade, a dos ricos!!
E pra falar a verdade, a sociedade está tão pobre que está sem força.
Os Falcões estão tão pobres, que estão sem fé.
Os partidos estão tão desacreditados e despedaçados, que lhes falta o povo.
A nossa sorte e o nosso azar é que a sociedade e os Falcões estão tão sem tempo, que têm que trabalhar e muito nas padarias da vida ou nas bocas de fumo desesperadamente para não morrerem de fome.

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