quinta-feira, 26 de maio de 2011

Conselho Histórico e Cultural: demolindo preconceitos

*Luciano Caetano Santiago

Diz o dito popular que “quem cala consente”. Em que pese à relatividade desse provérbio, venho aqui, exercendo o sagrado e fundamental direito de opinião, para externar algumas questões que envolvem o Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural de Araguari, do qual fui Secretário por mais de dois anos.
Quem costuma acompanhar o noticiário local, já deve ter deparado com notícias do tipo que “o Conselho é o dono da cidade”. Tratando-se, evidentemente, de afirmativa leviana e rasteira que nos faz atinar para o fato do quão certos veículos de informação caíram no amadorismo. Alguns jornais, por exemplo, viraram blogs de conversa fiada a serviço da desinformação, quando o tema é o nosso patrimônio cultural. É como se fosse uma via, plana e bem sinalizada, de muitas mãos únicas para criticar e apontar, mas onde é preciso bastante desprendimento para tentar abrir trilhas quando para defendê-lo. Contudo, e naturalmente a contragosto de alguns, temos logrado êxito nessa missão: elevando o nível da informação, conscientizando as pessoas, pondo o interesse coletivo acima do de particulares.
Respondam-me, por favor: por que os meios de comunicação deste município (ou quem de interesse), não se informam in locu antes de publicar matérias sobre o Conselho ou a DPH? Qual a dificuldade em visitar, telefonar ou mandar-lhes e-mail? É mais ético continuar distorcendo fatos e inventando situações que conduzam à opinião pública ao erro? É mais enobrecedor continuar contribuindo incisivamente para taxar estes órgãos de “truculentos” e “atravancadores do progresso”, do que ressaltar suas reais importâncias na defesa histórico-cultural do município, por exemplo? Realmente não dá para entender isso.
É evidente que os conceitos de “liberdade” e “expressão” são deturpados e sobrepostos por laços de amizades e jogos de interesses; se publica e/ou se diz tudo que é particularmente conveniente (leia-se: preocupação com a saúde do próprio bolso). E ainda desdenham da nossa inteligência sob a alegação de que “a matéria não condiz necessariamente com a opinião do jornal”. Sim, claro. É o “tome a arma e mate, mas eu não tenho nada a ver com isso!” Afinal, somos todos tolos e vivemos no “fantástico mundo de Bob” – onde tudo é perfeito. Me engana que eu gosto.
Nunca é demais reforçar que a finalidade do Conselho é a de opinar e deliberar em conjunto e com assessoramento da DPH naquilo que diz respeito às propostas que interferem nos bens e áreas tombadas. A própria Constituição Federal determina que o Poder Público tem a obrigação de promover e proteger seu patrimônio cultural - que é portador de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade. Ademais, bem sabemos que nosso município possui infinitas necessidades e anseios, mas, às vezes, fica parecendo que só vale a pena mexer se for em “patrimônio histórico”. A pergunta que não quer calar: onde entram o planejamento, a logística, as prioridades (...) nessa história?
Incompreensível como alguns teimam em continuar lutando contra o fatídico mundo real - onde as cabeças mais esclarecidas pugnam pela defesa da cultura em sua máxima expressão. Numa uma espécie de “prazer às avessas”, continuam alimentando a sua própria ignorância, tropeçando nas falácias da sua própria torpeza e, o que é pior, ainda tem o disparate de falar em “progresso” - termo bastante recorrente do incipiente. Contudo, quem não se permite a mudança (não se recicla, não se atualiza), não tem moral para falar em progresso. E , curioso, a maior parte dos críticos do Conselho e da DPH é assim: gente preconceituosa estacionada no tempo. É o que se costuma dizer “pau que nasceu torto”, que ao Conselho não cabe endireitá-lo à força, nem tão pouco podá-lo. Aliás, diferentemente do pensamento do “ser dono”, que age com autoritarismo, na democracia devemos conviver juntos e pacificamente, tentando, outrossim, colaborar para a melhoria do nosso meio. Isso é evolução. O resto é balela.
Para evitar, talvez, uma má interpretação do meu ponto de vista não estou dizendo aqui que sou contra as críticas. Muito pelo contrário, a oposição será sempre salutar ao aprimoramento da democracia. No entanto, é de bom alvitre que ela seja exercida com, pelo menos, bom senso. Pensar diferente não é só defeso como é, em muitos casos, essencial. Porém, inócua é a crítica pela crítica, daquele que quer aparecer apenas para causar polêmica. O que se espera é atitude coerente, de quem cobra, mas faz. Pois de outra forma estar-se-á celebrando a hipocrisia. E esta não contribui para nada!
Deixo aqui, então, um convite a toda à população araguarina, especialmente aos jornalistas e radialistas da cidade, para que, ao invés de somente exercitar a verborréia, venham mostrar serviço. O trabalho do Conselheiro é voluntário e não remunerado, mas constitui ofício de relevante interesse público. É, portanto, exercício de cidadania! Venham! A hora é essa!



*Func. Público / Bel. Direito
Já atuou como Mesário, Jurado e Conselheiro Cultural(todos cargos voluntários e sem remuneração)

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